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A polineuropatia amiloidótica familiar, vulgarmente conhecida como paramiloidose ou doença dos pezinhos, foi pela primeira vez descrita na população portuguesa na área da Póvoa do Varzim.
Esta doença resulta da deposição nos tecidos, sobretudo nos nervos, de uma substância fibrilar altamente insolúvel designada por amilóide.
As fibras de amilóide são constituídas por sub-unidades de uma proteína do sangue que transporta hormonas da tiroide e Vitamina A.
A doença manifesta-se inicialmente entre os 25 e 35 anos (podendo ocorrer depois dos 50 anos), nos membros inferiores, afectando a sensibilidade aos estímulos (por exemplo, térmicos) e a capacidade motora.
Trata-se de uma doença hereditária, crónica, progressiva e fatal, com evolução, em média, em 10 anos.
Estima-se que em Portugal existam cerca de 2 mil doentes com paramiloidose.

Quais as causas da paramiloidose?

Esta doença resulta de uma mutação que é transmitida de forma dominante.
Assim, se o progenitor for portador, a probabilidade de um filho ser também portador da mutação é de 50%.

Como se manifesta a paramiloidose?

Os sintomas sensitivos são habitualmente os primeiros. Pode ocorrer diminuição ou perda de sensibilidade à temperatura (frio/quente), sensações de formigueiro ou dormência ou sensações de dor intensa (como queimadura).

Como regra, estes sintomas iniciam-se nos pés e pernas e vão subindo até às mãos, gradualmente ao longo dos anos.

Noutros casos, a primeira manifestação da doença pode ser uma perda de peso involuntária, alterações do trânsito intestinal (obstipação ou diarreia), dificuldade em fazer as digestões ou um quadro de disfunção sexual.

As alterações gastrintestinais vão-se tornando mais acentuadas com diarreias frequentes, náuseas e vómitos e alterações urinárias muitas vezes manifestando-se como infeções urinárias de repetição.

Podem ocorrer tonturas ou desmaio com as mudanças de posição devido à diminuição da tensão arterial.

Numa fase mais avançada, ocorre diminuição da força muscular que começa nos pés e pernas e progride para os membros superiores já numa fase mais avançada da doença.

As dificuldades da marcha caracterizam-se nas fases iniciais por uma dificuldade em levantar os pés e os dedos, originando uma marcha com os “pés pendentes”.
O envolvimento do coração pode não provocar sintomas numa fase inicial ou manifestar-se como tonturas, palpitações por alterações da condução cardíaca com necessidade de colocação de pacemaker. Numa fase mais avançada surge insuficiência cardíaca.

O envolvimento renal pode ocorrer em cerca 30% dos doentes, ocorrendo sobretudo quando há história familiar de problemas renais. Pode ser uma manifestação precoce da doença em casos raros, mas habitualmente é uma manifestação tardia da doença, conduzindo à falência do rim e à necessidade de diálise.
Podem ocorrer perturbações visuais, como visão turva, olho seco, glaucoma ou diminuição da acuidade visual.
Sem tratamento, os sintomas da doença agravam-se, causando a morte em média 10-15 anos após o aparecimento dos sintomas. Por esse facto, o tratamento precoce é muito importante, permitindo atrasar a evolução da doença e preservar a qualidade de vida dos doentes.

Como se diagnostica a paramiloidose?

O diagnóstico pode ser complexo, porque os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças mais comuns.

Uma das razões para esse atraso reside no facto de os primeiros sintomas passarem com frequência despercebidos.
Por outro lado, devido à sua raridade, a paramiloidose não é muitas vezes considerada pelos médicos como um diagnóstico possível. Como resultado, os pacientes passam com frequência por múltiplas avaliações que podem levar a um tratamento inadequado.

De facto, durante muitos anos o diagnóstico da paramiloidose suportou-se somente no quadro clínico e na história familiar sugestiva, bem como na biópsia da pele e nervos demonstrando a presença de depósitos de amilóide.

Com a descoberta do erro genético e bioquímico, o diagnóstico pode ser confirmado pela pesquisa da proteína mutante através da análise sanguínea.
A realização de um teste genético a familiares de pessoas diagnosticadas com paramiloidose pode ser um fator relevante para identificar portadores do gene da paramiloidose.

Estas pessoas deverão ser monitorizadas com regularidade e, se os sintomas surgirem, é possível realizar precocemente um diagnóstico rigoroso e definir um plano de cuidados adequado.

Como se previne a paramiloidose?

A prevenção passa pelo aconselhamento genético, fundamental sempre exista a suspeita ou o conhecimento do estado de portador da mutação.

Esse aconselhamento permite definir o risco de transmissão da doença aos descendentes.

Por outro lado, é importante considerar todas as formas de tratamento desta doença como um mecanismo de prevenção das suas complicações e de melhoria da qualidade de vida.